os clarões entram-me pela janelaconto os segundosmais longe? mais perto?a memória recua no tempoe mistura-se com a fantasia de agoraa mão dela na minha
gritamos, rimos, corremos
a chuva cai, forte, quente
o ar ilumina-se, de repente
o céu estoira aos nossos ouvidos
corre, corre...
gritamos, rimos...
o arco da pequena ponte de pedra, ali
corremos
as velhas pedras estão húmidas
mas tapam-nos da chuva, cada vez mais forte
cada vez mais irreal tão perto do verão ainda
ofegantes, encharcados, mas rimos
olho para o teu pescoço
chuva, pingos, gotas...
gotas que deslizam
que vão como as primeiras águas
por um riacho fresco
no rego das tuas mamas
fico calado
apenas olhando, enfeitiçado
percebeste
soltas um risinho de expectativa
céus!!!
numa chuvada assim e eu sequioso
recuo um pouco
o teu vestido
cremetodo molhado, maravilha
mostra-me esses frutos rijos
o ventre
as coxas
essa seta
não resisto
levo os lábios ao riacho
bebo a água
- relâmpago -
passeio a boca nas margens
- trovão -
soluças, tremes
- mais perto, mais longe -
ofereces-te ao meu agarrar
e eu tomo-te, toda, quente, húmida, desejosa da tormenta
" saiu-me ! "beijos, abraços, até amanhã