peço encarecidamente…
por favor expliquem-me porque é que a esmagadora maioria das mulheres tem esta (aquela) mania irreprimível de serem “casamenteiras” ?
lá que queiram casar… eu compreendo, há “n” explicações compreensíveis para o facto.
mas tanto empenho em que os outros também se casem… arre, é-me incompreensível !
pior que isto é que… também é crescente o número de gajos a sofrerem desta mesma patologia !
(vocês riem-se mas é deveras preocupante…)
deixem-me contextuar a coisa…
já não bastando o quase diário assédio ao meu celibato levei este fim de semana um autêntico “banho” de lugares comuns acerca da coisa e fiquei completamente azedo e impróprio para consumo !
como não tenho mais sítio nenhum para ir desabafar… “comem” vocês por tabela, que é para não terem essa mania de serem meus leitores.
neste país, ser solteiro (okay, divorciado, pronto...) aos 47 anos parece ser algo susceptível de multa (no mínimo) ou de equiparação aos Et’s de roswell…
existem as mais diversas formas e expressões para demonstrar que somos uma qualquer anormalidade de feira, tipo “mulher barbuda” …
este fim de semana foi o fim de semana da família… assim a modos que uma tradição muito nossa que... de há muitos anos a esta parte... visa contrariar a “tradição de toda a gente”, que são as concentrações de natal.
local : um vilarejo para o centro do país, onde vivi parte da minha juventude e onde uma tia minha tem casa com espaço para albergar duas companhias de cavalaria.
num passeio matinal pelo lugar, foram inevitáveis alguns encontros “com o passado” portanto…
“não me digas que ainda não casaste ?!?”, pergunta a Felismina, a ex-boazona dos tempos de liceu, com aquele ar de desmesurado espanto, como se me tivesse esquecido de algo fundamental à vida... (tipo : a panela de pressão ao lume há 6 horas…).
O cómico é isso mesmo… tudo parece indicar que me esqueci disso.
como se houvesse um grupo enorme de mulheres que me mandam folhetos e outros direct-mail desejando contrair matrimónio comigo e eu… vai de botar no lixo junto com os jornais do jumbo, media-markt e os cartões do mestre bambo licenciado em tarôt…
não prestando a mínima atenção e votando as pobres ao esquecimento.
“o quê ?!? ainda não te fisgaram ?!?”, acrescenta a Jacinta, prima da Felismina, arregalando ainda mais os olhos e descendo o queixo no máximo possível, afim de vincar que o seu espanto é ainda maior que o da prima.
esta coisa do “fisgar” é lixada !
faz-me sentir assim a modos que um salmão desesperado, subindo um qualquer rio bucólico, a tentar fugir aos anzóis de 500.000 mulheres num concurso de pesca desportiva.
quando respondo que “não” com o meu melhor sorriso descartável… cai o carmo e a trindade.
como se o facto de ainda não me ter casado (ou sido fisgado portanto) fosse, ao mesmo tempo, uma injustiça inqualificável da vida e algo mais surpreendente do que o mickael jackson ficar preto de novo…
mais algum blá blá e piro-me com a desculpa de estarem à minha espera.
num último olhar, já à distância, digo para mim próprio que a Felismina ainda merecia uma boa foda à canzana… mas apago rapidamente o pensamento.
no café, tentando a paz de um martini (ando a tentar ficar parecido com o George Clooney…) lá a Ti Rosa me dispara um “atão hóme, e casar ? nada ?!?” tal qual como se pergunta se o bilhete da lotaria saiu branco…
para logo acrescentar, “olha, o meu filho já está despachado”… que é como que diz que o “puto” com 22 anos é mais esperto que aqui o “cota” com “carenta e muitos”…
lá tenho de me render à evidência que o gajo é mais entendido nestas coisas da vida e nos seus despachos do que eu.
contra factos não há argumentos !!!
o “estar despachado” também é interessante !
- será que significa estar (finalmente) despachado da casa materna ?
- será que se despachou a encontrar uma substituta para “tratar dele” ?
- assim sendo… haverá, algures, uma fila em que os homens aguardam pacientemente e de ticket na mão que chegue a sua vez de serem “despachados” ?!
- fila portanto… que ele, despachadamente, fintou e passou à frente ?!
o “despacho” é realmente um mistério em termos de conceito.
já em casa de família… nova carga da brigada ligeira.
“e tu Zé ? quando é que te decides a casar ? “ – pergunta a Ti Elvira.
sinto vontade de dizer:
- olhe… decidi agora mesmo !... vou ali à rua, a ver se apanho uma desprevenida… o casamento é amanhã à tarde.
claro que não digo isto… a velhota ainda era capaz de acreditar e punha a costureira a fazer uma directa para lhe acabar a “saia-casaco”.
digo-lhe apenas que “ainda não calhou…” e o seu rosto de 83 anos fica transido com a minha falta de sorte – é uma fofa, a Titi…
mas está dado o malfadado mote – já não há nada a fazer !...
“ pois é primo… você é o único sem mulher, não é ?!? “ – aproveita-se logo a prima Efigénia, uma quarentona bem cuidada que, em tempos, teve uma paixonite cardíaca por mim…
ainda pensei em responder-lhe “estou à sua espera prima”, mas receei que ela não percebesse a ironia e tivesse uma recaída.
(além do mais… é casada com um GNR e não quero problemas com as autoridades…)
“ ele não é casado… mas isso de não ter mulher, já é outra história !!!...”
disparou logo a minha mãe em defesa do filho – risota geral.
não sei muito bem como, mas… as mães sabem sempre destas porras todas !...
“ pois, está bem, mas o primo devia assentar… já não vai para novo…”
tornou a Efigénia, compondo a cabeleira encaracolada…
(não sei se terá sido coincidência…)
não faltasse esta !!!... a do “assentar”...
mas assentar o quê ?!? que trampa é essa do “assentar” ?!?
até parece que um gajo anda pelos ares, qual pobre folha arrastada pelo vento, sem eira nem beira…
isto na melhor das hipóteses… que se quiser ser complicado, sinto-me como um ladrão alcoólico e toxicodependente, pulando de pensão decrépita em esconderijo manhoso, fugindo à bófia e fornicando prostitutas de esquina… a necessitar desesperadamente da super-mulher que me virá “meter juízo” na cabeça e reabilitar-me finalmente.
esta coisa de “assentar” é a mais comum.
como se toda a nossa vida fosse uma brincadeira leviana e desconexa que só um casamento (prefigurado na mulher, portanto) é capaz de contrariar e carregar com a virtude da “responsabilidade”, legitimando-nos finalmente como pessoas inteiras, nobres, idóneas, fecundas e raios-os-partam os etc’s…
é parecido com o mito do “ir à tropa”, que é o que faz de nós… homenzinhos !...
é, sem dúvida, a expressão que mais “me fode”.
ora… uma cozinha com uma dúzia de mulheres não é o melhor local para um gajo se sentir “fodido” (noutro contexto seria…) e resolvi pirar-me para a sala.
esqueci-me que... sendo esta uma das reuniões hiper-tradicionais inter-géneros, estavam elas na cozinha e eles… na sala a ver o sport-tv…
pirei-me para o quintal-horta-pomar…
seguido pelo meu irmão e pela minha respectiva cunhadinha a quem chamo “minha ovelhinha negra” (o que, dito por mim, é um elogio…).
– porra !!!... grande ataque, hein ?... – diz-me ela rindo-se muito.
- arre !!!... – respondo eu em jeito de concordância.
- tás tramado !!!... – sentencia o meu irmão.
a minha cunhada dá-me o braço e andamos um pouco pelo pomar.
- nunca vais casar, promete-me…
- prometo !... – respondo-lhe com uma risada.
(aleluiaaaaa… uma lufada de frescura em toda aquela fixação feminina casamenteira – tinha de ser ela !...)
mas mal sabia eu da missa…
uma hora depois, já estando toda a gente à mesa (e acreditem que é bem grande…) começa-se de novo a falar em casórios…
que este casou com aquela… que a outra tá para casar com aquele outro… que a não sei quantas vai casar mas já está toda “furada” (pobre moça!)… que assim, que assado, cozido e refogado…
PIMBA !!!... lá venho eu de novo à baila…
faço um esforço tramado para parecer alheado daquilo tudo…
até que, por fim (não podia “faltar”), a Tia Genoveva, na sua infinita sapiência de “matriarca, governanta e gestora” de homens frouxos que gerou no seu seio familiar, lá se sentiu “forçada” a opinar com o seu habitual ar severo que… “não é vida para um homem… que deve manter uma família e ter assim quem trate dele… pois é sabida a vida desregrada que levam os homens solteiros…”
isto dito… evidentemente… não como uma má sorte da minha vida, mas antes com a certeza inquestionável de uma culpa declaradamente minha, uma falta imperdoável da minha ignóbil condição de homem sem rumo... e outros conceitos merdosos de que a sei recheada como um peru.
esta minha tia, deve ser o membro da família que menos prezo e com quem me sinto, literalmente, obrigado a conviver.
(uma ou duas vezes por ano, mas, sinto… e ela sabe disso)
deve ser o melhor protótipo da gaja que “inverteu os papéis” e que foi… muito mais além do pior dos gajos como marido, pai e chefe de família ! (é a minha opinião)
é o “sonho” personificado de muitas damas, enfim…
este “ataque ao desregrado” é, no fundo, o “ataque ao coitadinho” (como desprezível, nada de compaixões…)
ou seja… não tendo mulher, coitadinho, vivo num pardieiro, acumulo pilhas de louça por lavar e montes de roupa à espera do mesmo, tenho uma camada de pó com 1cm (no mínimo) por sobre toda a casa, alimento-me exclusivamente de enlatados, visto roupa amarrotada e outras coisas mais… que são apanágio de “homens que vivem sozinhos”.
sem uma mulher… sou uma merda ! (poderá ler-se nas entrelinhas...)
tentar provar-lhe o contrário é tempo perdido, de nada adianta... e da minha parte está ela bem livre da intenção !
ou isso… ou tenho forçosamente de ter “mulher a dias”, almoçar e jantar num restaurante, usar a lavandaria / engomadoria com parcimónia e dar mensalmente uma lista de mercearias à minha mãe…
(desta última, a minha mãe riu a bom rir !... “para dentro” como se costuma dizer e sem comentar, pois não vale a pena)
a contrariar isto, contudo… houve ainda aquela coisa do ser um “bom partido”.
que partiu… não de uma senhora já velhinha e apegada às antigas noções do matrimónio, mas… de uma outra prima (em 2º ou 3º grau, já nem sei) ainda nos seus viçosos 27 aninhos.
(e que bem “viçosa” é… raios !!!)
ora… pelo que se comprova, a noção não é antiga e colocou ela por mim a questão fulcral da coisa :
“que o que eu sou é “um bom partido”… fosse eu um tipo (da recolha) do lixo, barrigudo e sem cheta… não haveria tanto interesse em que me casasse !”
minha mãe nem levantou os olhos do prato - sorriu e fez que sim com a cabeça.
cá por mim… por tão cabal exposição, apeteceu-me beijar a priminha…
(na boca, de preferência… ainda que estas “relações familiares” não sejam bem vistas)
o resto da mesa apresentou interesse em debater/rebater a ideia até que… pedi, por favor, que mudássemos de assunto.
fi-lo bastante secamente (o que parecia ir comprometer o resto do almoço) mas, sinceramente, achei a coisa perfeitamente descabida e já demasiado exagerada.
não imagino o que “lhes deu” este ano para fazerem do meu celibato a “ordem do dia” mas que acabou por se tornar bastante constrangedor... acabou. !
ao jantar, felizmente, lá voltou o assunto que costuma ser o “número um” nestas reuniões de família, ou seja, o obituário anual do vilarejo e o levantamento de doenças e mazelas da população.
curiosamente… ninguém perguntou pela minha saúde…
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