Quinta-feira, 21 de Fevereiro de 2008

educação sexual na escola



quinta feira lá vou eu a mais uma reunião da Comissão de Pais da escola do meu segundo sobrinho.

“ordem de trabalhos” : ponto único – discutir a implementação de futuro programa para a educação sexual na escola.

 

vaipe (já para começar) :

a minha vontade é não ir !

 


a esperança numa (r)evolução é ínfima comparativamente à sensação de desperdício de tempo.

para mais, acredito veemente que os meus sobrinhos não precisam “daquilo”.

não é a primeira, não será a última – a todas que já nem conto e a que fui, o panorama acaba sendo sempre o mesmo.

mas vou, claro !...

 

é interessante que… nas reuniões da escola, em que os EE's (encarregados de educação) se reúnem com os DT (directores de turma)… se lá comparecer 1/3 dos primeiros, é uma sorte !

na anterior reunião da Comissão de Pais – que foi acerca de violência na escola, por alguns casos preocupantes que ali se deram – compareceram 21 EE’s (salvoerro), o que nem uma “turma” perfaz !

mas… sempre que há esta reunião, com este ponto em discussão, há uma afluência espectacular… até com crianças a serem representadas por ambos os progenitores.

 

todas as tentativas de aceitar um qualquer programa têm chumbado nas votações em que (arrisco a dizê-lo) uma maioria de pessoas que nunca vi presentes em nenhuma das outras reuniões vota… contra.

 

para mim, é minha opinião portanto… já de si, diz isto bem da verdadeira moralidade de muitos destes EE’s – que só se mobilizam para esta reunião em específico… para todas as outras, o acompanhamento dos educandos ao longo do ano, “não têm tempo, têm a vida muito ocupada”.


 

 


depois… há o ambiente que se gera nestas reuniões… que parece queijo seco, difícil até de cortar à faca… com todos estes soldados dos bons costumes a serem literal e quase provocadoramente agressivos para quem quer que seja que “se atreva” a ser a favor de um programa.

 

começam logo por partir do princípio de que o ensino de tal matéria irá excluir uma abordagem dos afectos.

é logo a sua pedra basilar.

inquirem se estará isso contemplado mas… com trejeitos de quem tem, de antemão, a certeza de que não estará.

 

muita vez, ainda ninguém sequer “abriu a boca” a esse respeito no âmbito do programa e já eles pretendem colocar em causa a moralidade do mesmo, o que diz da sua vontade em “discuti-lo”.

 

não têm nenhum plano, não fazem nenhuma ideia, não apresentam nenhuma alternativa ou solução.

como habitualmente, nem imaginação têm para construir uma “oposição”.

percebe-se isso ao ver-se que vão construindo contra-argumentos conforme se vão apresentando os argumentos – precisam de um para elaborarem o outro, que alguém lance um dado para colocarem um obstáculo.

por isso acho uma perda de tempo estar alguém a gastar neurónios a construir e a tentar validar qualquer argumento…

 

levantam questões estúpidas como “onde está a moral de ensinar o que é sexo oral a crianças de 9 e 10 anos ?” ou fazem gracinhas muito engraçadas como “depois, com tanta teoria, onde irão as crianças fazer aulas práticas ? atrás do ginásio, não ?!” de que se riem muito…

(pelos vistos… sabem o que se faz atrás do ginásio)

 

mascaram de “preocupação pelos filhos” as razões mais ridículas e os ataques mais agressivos e desrespeitosos que se imaginem.

com palavrinhas mais ou menos polidas lá tratam de mimar outros EE’s, professores ou qualquer outra pessoa que não concorde com eles com rótulos bem emporcalhados… mas claro, nunca apontando o dedo, com muito respeito e tolerância, “que são gente civilizada, ora essa !!!”.

assim, se alguém protestar... ou podem sempre alegar que se está a exagerar… ou podem usar a muito in expressãose a carapuça lhe serve…”.

 

são raras as pessoas que, nestas reuniões, sabem apresentar os seus argumentos “contra”, de forma honesta, humilde, pacífica, sem juízos !...

muito raras mesmo.

 

mesmo as alternativas, ocasionalmente levantadas, destes programas poderem vir a ser implantados como uma “opção”… à qual só iriam os alunos cujos EE’s autorizassem a ir (como outras disciplinas que existem)… foram sempre rejeitadas.

 

com pequenas variantes, a “razão” que sempre surge a contrariar é a de que… ir-se-iam originar grandes discrepâncias entre as crianças, entre as que iriam à disciplina e as que não…

mas… as expressões empregues e o tom do discurso fazem com que se “oiça” perfeitamente que:  não queremos as nossas impolutas criancinhas desviadas e contaminadas pelos vossos taradinhos sexuais.

 

normalmente, é em momentos destes que o “verniz mais estala”, que lá se vão as “palavrinhas polidas” e que se confirma, sem peias, que para esta gente… quem pretende dar a educação sexual são professores libertinos, quase suspeitos de apetites pedófilos, voyeurs, frustrados sexuais, etc…

os EE’s que o defendam… idem… é gente sem escrúpulos e negligente para com os seus filhos ou educandos.

 

também normalmente… é quando alguns dos “a favor” perdem as estribeiras e fazem um mau trabalho – infelizmente…

 

desculpem-me o “radicalismo” mas… quem achar que isto é “exagero” só se pode incluir numa de três hipóteses:

1 – ou nunca foi a uma reunião destas.

2 – ou está numa escola muito concordante e tolerante (que inveja…).

3 – ou faz parte do grupo que sempre alega que o é ! (exagero, portanto)

 

neste meu caso e no deste sobrinho em particular, posso acrescentar um pormenor curioso: a maioria dos EE’s que costumam ir a todas as reuniões, são… “a favor”.

 

a maior e mais inusitada afluência de EE’s que irei encontrar na reunião não será de pessoas com quem se possa debater abertamente o assunto !

irão ali, propositadamente, para vetar… para dizer “não”… para impor o seu moralismo aos demais, mesmo que ninguém lhes ameace semelhante coisa.

não vão “debater” coisa nenhuma !

vão ostentar a sua surdez e cegueira perante o mais válido dos válidos argumentos que possa ser apresentado e “garantir” que tudo ficará imutável.

 

depois… voltam a hibernar… até ao próximo degelo.

 

é por tudo isto que nunca nenhum programa avançou.

são estas pessoas as responsáveis por nunca se ter conseguido uma “educação sexual na escola”, digna desse nome, neste país !

não exacta ou somente os professores, as escolas ou o estado.


 

a maioria neste país continua a reprimir sexualmente a minoria !

 


( é hoje... fosga-se !!! )
música: ... bãh
sinto-me:

publicado por sextrip às 18:16
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De velhaseboas a 22 de Fevereiro de 2008 às 14:53
Cada um de nós tem pontos de vista diferentes sobre as coisas.

Já tinha feito referência a este mesmo assunto ao comentar um anterior post teu.

Como referi na altura é complicado e vai continuar a ser porque no meu ponto de vista é um pau de dois bicos... Se a introdução há sexualidade é dada na escola sem o consentimento dos pais é um drama com “manifestações contra etc... se por outro lado a escola optar por participar aos pais e pedir opinião a coisa complica mais.(vira uma feira)com opiniões surreais.

Sou mãe, o meu filho hoje tem 24 anos, mas também já foi criança e adolescente, não me considero uma super mãe (quando muito igual a milhar de outras) também lhe expliquei a tal história da “sementinha” são as tais primeiras curiosidades..(nunca a da cegonha) curiosidade das crianças começam em tenra idade e existem varias forma de se conversar a verdade é a mais fácil a franqueza ,quando fazem as perguntas têm sempre condições de ouvir a resposta .na minha opinião é tentar ser simples e conciso, muitas das vezes tentamos vencer o constrangimento (não sejamos hipócritas as crianças tem o dom de nos deixar assim algumas vezes) dando detalhes e voltas... eles sabem quando a resposta é verdadeira ,nada com utilizar o tom de sempre e linguagem (corrente).

Na escola (Dos Castanheiros em Caneças) também se levantou esse problema há uma boa mão cheia de anos atrás ( que eu tenha conhecimento) com fracos resultados , ou seja nada foi feito.

Lembro-me que o meu filho teve um professor no 5º ano ( de português) que pedia aos alunos para deixar as dúvidas escritas que não precisavam de assinar que ele na aula seguinte tirava as dúvidas para a turma inteira.

Que que eu tenha conhecimento é só, não sei se ainda hoje se passa assim ou existe algo mais... como disse o meu filho já tem 24 anos, na altura lembro-me que ouve um burburinho coisa ligeira... (nas reuniões de pais ninguém comparecia) que prontamente foi sanado pelo interesse dos miúdos pela matéria.

Consigo entender perfeitamente que para muitos pais seja complicado falar abertamente com os filhos..
É uma questão de mentalidade, educação, muitos não se sentem à vontade nem com a sua sexualidade quanto mais falar sobre isso com os filhos...

Por esse motivo a (sexualidade) deveria ser uma disciplina a fazer parte do currículo. (digo eu..)

A escola ensina mas a (educação) deve começar em casa hoje em dia é mais fácil para os educadores oferecer uma tv para o quarto dos pequenos porque assim os meninos não chateiem com perguntas .

As hora das refeições quando feitas em conjunto é a olhar para a caixinha... (quando se conversa..??)

E não me falem em falta de tempo... quem tem filhos tem que fazer opções... menos uma viagem ou menos um móvel mas um filho mais acompanhado faz a diferença.

Quanto ao facto de se ir para trás do pavilhão (normalmente de educação física) não me parece que venha dai grande mal ao mundo... não sei se será competência da escola ou dos pais que seguramente também já o fizeram (e muito) explicar aos meninos/as que se o fizerem como o devem fazer...

Antes uns beijos e ums amassos atrás do pavilhão que fumar uns charros...

Preparar um filho para a vida não é fácil...temos que nos por na (pele) deles muitas vezes para que nos tomem como iguais, ai sim é mais fácil a comunicação...

(possivelmente estarei errada quem sabe.)

Peço desculpa se me alonguei ou se fugi muito ao tema.




De sextrip a 23 de Fevereiro de 2008 às 12:08
( uaáááaaa... bom dia... (noite de copos...))


« Já tinha feito referência a este mesmo assunto ao comentar um anterior post teu. »

pois já... e conforme escrevi na altura, tinha o artigo para colocar e alguns pontos de vistas eram semelhantes.


« Se a introdução há sexualidade é dada na escola sem o consentimento dos pais é um drama com “manifestações contra etc... se por outro lado a escola optar por participar aos pais e pedir opinião a coisa complica mais. »

como a Perfume de Violetas referiu... não se discutem programas de matemática ou de português (não se discute nenhum outro aliás)... porquê discutir este ?!

bom... todos sabemos porquê... porque "o sexo é a disciplina com mais envolvência social, porque a família tem uma palavra a dizer", blá blá blá...
cá para mim (acho-o já há uns anos), alegou-se essa necessidade para se conseguir exactamente isto : oposição, entrave constante há dezenas de anos.

como se pretende que pessoas que fazem do sexo aquilo que na sociedade ele aparenta ser (pecado, degeneração, nojo, etc), que numas conveniências o acham "primordial" e noutras o acham "desprezível", que no seio da sua própria família o consideram assunto proibido, senão maldito, venham depois a aceitar programas que afinal irão contrariar todo essa estagnação que defendem e perpetuam ?!?

quem teve a ideia de colocar esta condição para aceite da disciplina, da duas uma, ou é um idiota chapado, ou é um dos tais !
(não me venham para aqui falar em "democracia"...)

os "números", como de costume, variam conforme o quadrante... tempos atrás (há 2 anos, creio) deram-me precisamente uma folha com as discrepâncias que rodeiam este assunto.
já a procurei e infelizmente não encontro, mas recordo-me que... o estado dizia que se leccionava E.Sex. em quase 90% das escolas... enquanto a A.P.F. alegava que em apenas 1/5 das escolas ela estava realmente implantada e organizada.
não importa se a ideia é mentir ou puxar "brasas a sardinhas"... a verdade é que, no estado em que as coisas estão, ninguém sabe ao certo esses números.

para uns, explicar a genitália e os processos reprodutivos é q.b. como Ed.Sex. - para outros não.
portanto, uns têm uns números, outros têm outros números.
a verdade é que, realmente, enquanto não houver um programa implantado à escala nacional (como outra disciplina qualquer) isto é impossível de quantificar !

a realidade actual continua, grosso modo, a ser a mesma da do teu filho há mais de uma década atrás... os professores "desenrascam" a coisa, um pouco à sua maneira, um pouco como seria se houvesse programa, algo como quase "às escondidas dos paizinhos"... inventam-se termos específicos e ideias satélites que na realidade em nada resultam... quer dizer... uma autêntica barafunda.

pessoalmente acho... esta situação é ainda pior e mais confusa para as crianças !
implante-se um programa, coloque-se como disciplina opcional - quem quer, inscreve os filhos, quem não quer, não inscreve - ponto final !
é nesta base que continuo a dizer : há repressão social (sexual) neste país !
senão... expliquem-me qual a "complicação" do que acabei de expor.

porque lá vem a tal "maioria" de paizinhos que até isto chumbam.

na escola do meu sobrinho mais velho, 14 EE's sob a ideia de um deles, que é professor (mas noutra escola), apresentámos um verdadeiro plano para que isto, a disciplina opcional, fosse criada.
já passaram 3 anos e nem uma resposta nos foi dada.
(deve lá estar para uma papeleira a ganhar pó...)




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